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Os 146 anos de Manhuaçu

Saiba mais sobre a História da cidade

Manhuaçu completa 146 anos de emancipação. Foram anos de muita luta, muitos fatos contados viraram lendas, outras lendas viraram realidade. Com a internet, temos acessos aos principais arquivos do mundo.

Sobre Manhuaçu, logo no início do descobrimento do nosso país por Portugal, as primeiras notícias foram um mapa do século XVI, de Gabriel Ribom, que denominava Mandif o Rio Manhuaçu, que era conhecido pelos índios Botocudos como Mandi, que quer dizer na linguagem Tupi-Guarani: salto do peixe branco.

Os Botocudos denominavam de Mandi o Manhuaçu, Ceci, o Suaçuí Grande e Vatu, o Rio Doce. Eles, os Botocudos habitavam as partes média e baixa do Rio Manhuaçu.

Já os Puris habitavam a parte alta da bacia do Rio Manhuaçu e falavam no idioma também Tupi-Guarani, Amanassu que, segundo Teodoro Sampaio em sua obra ‘O Tupi-Guarani na Toponímia Brasileira’ denominava ‘Chuva Grande’, que vem de amana = chuva e assu = grande.

Segundo mapa do Arquivo Público Mineiro e Jonathas Durço, em seu livro ‘Pokrane’, os Puris tinham sua aldeia no Alto Rio Manhuaçu, principalmente em nossa cidade, estes índios chegaram logo após o descobrimento do Brasil.

Além dos índios Puris que se fixaram na cidade e região, os primeiros homens brancos a explorarem estas terras, segundo o grande historiador da nossa região, Padre Demerval Alves Botelho, em ‘Manhumirim, Município e Paróquia’ (Editora Lutador) foram os desbravadores do Vale do Manhuaçu que vieram do litoral do Espirito Santo e Porto Seguro, segundo dados do Arquivo Ultramarino de Lisboa Ocidental, foram Vasco Fernandes Coutinho Filho, segundo donatário da Capitania do Espirito Santo, o primeiro a explorar Rio Manhuaçu em 1570.

Depois, em 1572, veio Sebastião Fernandes Tourinho e seu ajudante Francisco Brum Espinoza, de Porto Seguro, não houve fixação por causa da densa mata e ataque dos índios Puris e Botocudos.

Por volta de 1650, já era falado na cidade de São Paulo da existência de Ouro no Rio Manhuaçu. No início do Século XVIII, o bandeirante Pedro Bueno Cacunda explorou ouro por quase cinquenta anos nos Rios Castelo, Guandu e Manhuaçu. Ele descreveu em carta ao Rei de Portugal, Dom João V suas aventuras. Numa carta de João da Silva Tavares, foi descrito que explorou ouro, tentou assentar seus homens e foi expulso pelos índios Puris e morreu sitiado em Santana do Rio de Mayguaçu no meio do século.

Em 1814, foi construída uma estrada ligando Vitória à Vila Rica, atual Ouro Preto; vinha do Rio Pardo e passava na atual Manhumirim, Córrego do Suíço, São João do Manhuaçu, Santa Margarida, Abre Campo, Ponte Nova, Mariana e finalmente Vila Rica ou Ouro Preto. Por ela foi feito intercâmbio entre mineiros e capixabas, com os mineiros ocupando maiores porções do Vale do Manhuaçu e de outros rios, e, até fundando cidades no sul do ES e norte do Rio de Janeiro.

Por volta de 1820, com Decreto de Dom João VI, em nome do progresso, poderia haver captura e prisão de nossos indígenas, se eles se opusessem ao progresso. Então, começaram a chegar os primeiros fazendeiros e sertanistas.

Inaugurado em 10 de agosto de 1960, o Monumento aos Pioneiros, localizado na Praça 05 de Novembro, faz alusão aos Bandeirantes, em especial Domingos Fernandes Lanna, que, natural de Araponga (na época, Distrito de Viçosa), aqui estabeleceu-se no ano de 1841.

Alguns dados dizem que o primeiro que construiu casas na praça central de Manhuaçu foi Domingos Fernandes de Lanna, filho de João Fernandes de Lanna, um dos construtores da Estrada Real até Abre Campo, vindo de Vila Rica, mas não existe comprovação disto.

É possível que viessem muitos a partir da estrada. Lanna era um deles. Foi registrada uma propriedade, entre Santo Amaro e Trevo de Matipó, no nome de Mariana Carlotina da Rocha (esposa de Lanna). Ele era sertanista e trocava bijuterias com os índios Puris que habitavam nas regiões do Coqueiro e Coqueiro rural.

Portanto, antes de Pedro Bueno Cacunda e de Lanna, já existiam os Puris em Manhuaçu. Cacunda tentou povoar, mas os Puris mataram seus homens. Lanna veio depois da Estrada Real e trocava as bijuterias pela Poaia ou Ipecacuanha, muito usada como remédio de problemas digestivos, mas, em 1853, foram registradas as terras na região de Manhuaçu, na freguesia de Santana do Abre Campo (Primeiro registro de terras do Brasil em 1853), os nomes dos primeiros habitantes de Manhuaçu foram Luís Nunes de Carvalho, habitou a Pedra Branca; Joaquim Jaques, a Cachoeira Chata; Nicácio Brum da Silveira, Curador dos índios, quando foram do Coqueiro para aldeamento da Ponte da Aldeia em 1846; Adão Mariano da Silva, na nascente do Rio Manhuaçu; Joaquim Leandro Gonçalves, em Alto Jequitibá; Ana Maria da Conceição, no Córrego do Balsamo; Ignácio José de Faria, no Ribeirão São Luiz, próximo da Pedra Branca; Manoel Gregório Mendes de Carvalho, dono de vários terrenos, inclusive no Ribeirão da Cabeluda; João Gonçalves Dutra e Antônio Dutra de Carvalho, o maior posseiro da região sendo dono praticamente da cidade de Manhuaçu, e, até da Serra do Caparaó. É relatado que ele veio com seus amigos fugidos da Revolução Liberal de 1842 e fundaram vários arraiais como Sacramento, São Simão e a atual cidade de Manhuaçu.

Mas vieram outras pessoas, não registraram suas terras em Abre Campo como Luís Antônio de Cerqueira que, em 1853, pediu a troca do padroeiro de Santo Antônio para São Lourenço. Foi primeiro registro de Manhuaçu em Minas Gerais, o registro desta Igreja de Santo Antônio, até hoje, se foi registrada, não se tem lugar exato, com nome de São Lourenco do Manhuaçu. Nesta divisão de distritos de Ponte Nova, em 1873, estava no distrito de Santa Margarida.

 

Criação do Município de Manhuaçu

Em 5 de novembro de 1877,foi criado o município do ‘Rio Manhuaçu’, com terras destes distritos, mais terras do antigo Presídio do Cuietê, atual Conselheiro Pena, que ia até a divisa com a província do Espírito Santo, abrangendo a região do baixo Manhuaçu, e, há de se lembrar, que, em 1856, segundo o Livro ‘As instituições de igrejas na Diocese de Mariana’, do autor Cônego Raimundo Trindade, foi instituída uma capela em Santo Antônio do Manhuaçu, ligada a Cuietê’.

Posteriormente, vieram os imigrantes suíços, alemães e italianos, estabelecendo-se nosso município, posteriormente entre 1918 e 1820,vieram imigrantes sírio-Libaneses, fugindo da dominação do Império Turco Otomano.

Quem assinou o Termo de Criação do Município foi o Padre Fortunato de Souza Carvalho, de 1877 a 1881. A sede do município ficou em lugar incerto, ora em São Simão, atual Simonésia, ora em São Lourenço do Manhuassu. Não se sabe quem governou, talvez intendentes mas, em 1880, foi eleito o primeiro Presidente da Câmara, Joaquim Gonçalves Dutra.

Em 1896, por causa de desavença política houve conflito entre os Coronéis Nicolau da Costa Mattos, Frederico Dolabela e Serafim Tibúrcio da Costa. Isto foi documentado no Diário de Notícias da cidade do Rio de Janeiro, com artigos escritos por Machado de Assis.
Num destes jornais, havia dizeres falando que o Governo de Minas pediu ajuda ao Governo da União, pois o dito Coronel Tibúrcio tinha fundado uma “Republica” em Manhuaçu. Nesta época ainda havia muita briga entre Coronéis Monarquistas e Republicanos, e, o Coronel Nicolau da Costa Mattos, possuía uma fazenda com muitos escravos no Alto Jequitibá.

O Coronel Serafim Tibúrcio se notabilizou por ser o primeiro possuidor de uma máquina de limpar o café (Fábrica de Ilação de Café), depois ele se retirou para a cidade de Afonso Cláudio, onde adquiriu a Fazenda “Barra da Lagoa”, onde existia um armazém chamado Aurora da Barra. Em 1903, quando tinha larva de ouro no Cuietê, ele voltou a Manhuaçu e foi recebido com festa e selou a paz com seus oponentes. Saiu de Afonso Claudio em 1914, tendo ido para Espera Feliz. Quando preparava para voltar a Manhuaçu em 1917, a morte o surpreendeu, deixando grande fortuna, disputada por duas filhas e uma irmã.

Com morte de Tibúrcio, Antônio Wellerson, Dolabela, vieram para Manhuaçu a família Pinto Coelho, Alberto e Cordovil, que foi primeiro prefeito eleito, antes as câmaras governavam os municípios.

José Olinto Xavier da Gama

 

 

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